Em 2024, Defensoria do Amazonas realizou mais de 400 exames de DNA em ações de reconhecimento de paternidade

Em 2024, Defensoria do Amazonas realizou mais de 400 exames de DNA em ações de reconhecimento de paternidade

A Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM) realizou, durante o ano de 2024, diversas ações de reconhecimento de paternidade na capital e no interior do Estado, que totalizaram 411 testagens de DNA e 510 atendimentos jurídicos, por meio dos mutirões das campanhas “Meu pai tem nome” e “Eu tenho pai”, que ofertam os serviços de forma gratuita.

A defensora Sarah Lobo, coordenadora da área de Família da DPE-AM, explica que essas ações se inserem no contexto de uma alta taxa de pais ausentes no Brasil. “E o Amazonas está no quinto lugar do ranking de pais ausentes”, observa.

Em 2023, dos 2,5 milhões nascidos no Brasil, 172,2 mil deles têm pais ausentes na certidão de nascimento – quantidade 5% maior do que o registrado em 2022, de 162,8 mil. Os dados são da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil) obtidos por meio do Portal da Transparência do Registro Civil. A maior proporção de pais ausentes foi registrada no Norte do país: 10% do total, ou 29.323 deles.

Segundo dados da Central de Informações do Registro Civil (CRC), no Amazonas, 9.215 recém-nascidos foram registrados sem o nome do pai em 2023, um crescimento de 9,7% em relação a 2022, quando foram 8.404 crianças tiveram esse direito negado.

“Por essa razão, a DPE-AM iniciou o projeto ‘Eu tenho pai’ para tentar diminuir as estatísticas. A Defensoria tem a missão de prestar assistência aos vulneráveis. As crianças ou os adolescentes são pessoas que se enquadram no conceito de vulnerabilidade. Eles merecem uma especial atenção do estado nesse sentido”, destaca a defensora Sarah Lobo.

Desde 2022, a DPE-AM realiza mutirões das campanhas “Eu tenho pai” e “Meu pai tem nome”, visando contribuir com a redução das estatísticas do número de pais ausentes no Estado do Amazonas. Durante a campanha, são realizadas de forma mais intensa ações para reconhecimento de paternidade, além de exames de DNA e atividades de educação em direitos.

Eu tenho pai

Pioneiro no Brasil, o projeto “Eu tenho pai” foi criado pela DPE-AM e já contou com quatro edições. A última ação foi realizada entre os dias 19 e 29 de novembro deste ano e teve como tema “Eu tenho pai: responsável e participativo”. Durante esse período, foram realizados 49 atendimentos e 87 exames de DNA no interior do Estado. Em Manaus, a ação aconteceu no dia 23 de novembro e efetuou 124 atendimentos e 137 testagens de DNA.

A defensora Sarah Lobo ressalta que o projeto tem por objetivo promover o direito fundamental do reconhecimento da paternidade biológica e o incentivo à paternidade responsável.

“O direito à ascendência, ao conhecimento da sua origem genética, é um direito fundamental de todo ser humano e, desse reconhecimento, advém uma série de direitos de ordem prática, como direito a alimentos, direito à pensão previdenciária em casos de morte, direito à herança e, sobretudo, direito à convivência familiar plena com ambos os genitores, com o pai e com a mãe, como exige a Constituição Federal e nosso ordenamento jurídico pátrio”, disse.

Conforme a defensora pública, a campanha deste ano teve como foco uma forma de conscientização da população acerca da obrigação e necessidade de que o pai seja responsável e participativo.

“Nós acrescentamos o ‘responsável e participativo’ na campanha desse ano porque não basta ser pai no registro de nascimento, é preciso também ser um pai responsável que participa do processo de criação da criança, lembrando que participar do processo de criação dos filhos é uma obrigação imposta constitucionalmente, pelos princípios da dignidade da pessoa humana, da solidariedade, da paternidade responsável”, enfatiza.

No mutirão realizado neste ano na capital, a história do agente de portaria Marcelo Pereira, 42, se destacou nesse sentido. Ele contou que passou por divórcio e o novo companheiro da sua ex-mulher que acabou sendo registrado como pai na certidão de nascimento de sua filha.

“Nos separamos e outro homem acabou registrando a Maria. Mas, só registrou. O pai sempre fui eu. Então, depois de ver na televisão que ia ter esse mutirão aqui na Defensoria, nós viemos para fazer o registro documental da paternidade afetiva, para não ficar incomodando toda vez a mãe dela, que trabalha muito, e também fazer o exame de DNA. Mas, independentemente do resultado, dando positivo ou negativo, não importa. Viemos mais para registrar em meu nome, porque o meu amor ela já tem. Ela já até assina meu sobrenome”, disse, emocionado.

“Eu tenho feito meu papel, mas agora eu quero deixar no documento para minha filha poder olhar e dizer ‘eu tenho sobrenome do meu pai’. Eu já vou nas reuniões da escola, faço as tarefa de casa, com ela para o cinema sempre que podemos. Só falta oficializar no documento”, finalizou.

Meu pai tem nome

Iniciativa do Conselho Nacional das Defensoras e Defensores Públicos Gerais (Condege), a campanha “Meu pai tem nome” é realizada anualmente em parceria com as Defensorias Públicas de todo o País. Neste ano, a ação aconteceu no dia 17 de agosto. Na capital amazonense, foram realizados 213 atendimentos e mais de 50 testes de DNA. Já no interior, foram realizados 124 atendimentos e 137 testagens de DNA.

Durante a ação deste ano, em Manacapuru, o secretário escolar Thiago Rocha, 29, demonstrou que compreendeu como poucos a importância da paternidade para a formação de uma criança.

Pai de criação da pequena Anna Laura, 7, ele e a esposa, Ellem Canavarro, 29, participaram do mutirão, onde realizaram o acordo pelo qual ele reconhece a paternidade da criança, dando à pequena o direito de ter um pai em seu registro civil.

“É uma realização para a gente. Ela vai ter um pai no registro, porque na vida ela sempre teve”, ressaltou Thiago, que começou a se relacionar com Ellen quando Anna tinha apenas um ano e oito meses de idade.

“Eu sempre a tive como minha filha. Eu também fui criado por um padrasto desde os dois anos de idade. Então, eu sei o quanto isso é forte, que pai não é aquele que faz pai, é aquele que cria, aquele que dá educação, que dá que dá um sustento, que dá um apoio, que dá uma palavra que ensina o que é certo. O pai é aquele que é presente. Eu amo muito ela e a irmã dela, nossa outra filha. Tenho muito orgulho delas”, declarou ele, emocionado.

Fonte: ASCOM/DPEAM

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